sábado, 5 de setembro de 2009

Liberdade: um sonho humano

(Tamy Fernandes)

"Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." A palavra de sentido inalcançável de Cecília Maireles continua, e desde sempre, sendo alimentada por infinitos sonhos humanos.

Ora por homens religiosos, sonhando com a liberdade de culto ao seu deus, ora por homens ateus, sonhando com a liberdade de simplismente não crer e serem, ainda sim, respeitados. Homens negros, escravos, gritando a liberdade nos ouvidos de seus senhores. Homens presos, enjaulados, implorando liberdade a seus juizes. Até mesmo nosso Brasil-Colônia comemorava, em 1822, a liberdade concedida por Portugal. Afinal, o que é essa tal liberdade?

Utopia talvez. Ou, quem sabe, uma palavra posta no dicionário para confrontar, e instigar, homens e mulheres rodeados por leis, sistemas, crenças, correntes e o medo, esse sim, o maior veneno contra a liberdade e os que sonham com ela.

Essa palavra tão grande em sua essência, e ainda assim indecifrável, faz-se pequena quando posta de frente ao medo que, nós, os humanos sonhadores, também alimentamos, encolhe-se e, cabisbaixa, escorre sempre e sempre dos dedos que pareciam agarrá-la.

O medo de quebrar regras, recusar leis, criticar opiniões, descartar sistemas, duvidar de crenças, e tantas outras ações, faz com que sonhemos, e só sonhemos, com o dia em que poderemos abraçar a liberdade. Eis enfim, o grande problema.

A liberdade é a imagem refletida de um espelho chamado oportunidade. O homem enxerga sua liberdade no poder de escolha. Na autonomia de dizer sim ou não.

Iludem-se aí os "homens livres", pois até mesmo essas escolhas que lhes dão a ideia de liberdade, só são escolhas porque vieram de perguntas, estas feitas (e cabe salientar) por terceiros. Perguntas e respostas de um reality show chamado Capitalismo Selvagem.

E dentre as respostas e as perguntas, a liberdade, tão violenta e tão delicada, será sempre para o primeiro, o que questiona, a pergunta, e mais: a chance de continuar perguntando, pois para o segundo, o que responde, a resposta será sempre a sua (falsa) "liberdade".

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