terça-feira, 29 de setembro de 2009

Horário nobre

(Tamy Fernandes)

"Veículo ágil, versátil, moderno e verdadeiramente acolhedor". Tal frase não faz parte de nenhum anúncio publicitário lançando algum modelo novo de automóvel no mercado, mas descreve exatamente a apinião de Bruno Giordani, 17 anos, estudante de moda, sobre o que é a TV atualmente.

Além dele, milhares de jovens, crianças, adultos e até mesmo a chamada "geração experiente", acompanham dia-a-dia a programação televisiva.

De fato, acompanhar tal programação todos os dias não se faz tão preocupante, o problema, é que a maioria das pessoas confunde vida com novela.

Isso só acontece porque o poder de exibir ou ocultar imagens e informações está nas mãos de poucos, e desse pouco que governa a mídia, todos agem em prol do mesmo interesse: moldar telespectadores. Na teoria, esse interesse parece ser inalcançável, porém, na prática, isso ocorre sem nenhum impedimento, á medida que nos dias de hoje, dificilmente vejamos alguém que não tenha um aparelho de TV em casa.

Como dizia a letra de Leci Brandão: "Na hora que a televisão brasileira distrái toda gente com a sua novela, o Zé do Caroço batalha, o Zé do Caroço trabalha e malha o preço na feira". O Brasil é feito de milhares de "Zés do Caroço", e a todos eles são direcionadas programações controladas.

Algo que os faça esquecer de todo problema político-social brasileiro, dos salários baixos, da fome e do desemprego, e os faça acreditar que, realmente, a vida é uma novela.

A TV manipulada desvia os olhos da sociedade dos problemas públicos e os coloca diretamente nos monitores dos aparelhos de TV.

A solução para o problema seria abrir portas para o povo. E dar espaço ao povo, não significa dar um papel principal a um cidadão comum em uma novela, mas sim dar acesso a esse indivíduo na produção da TV. Aí sim seriam os valores do povo na tela, e não os valores impostos ao povo pela tela.

Por mais justa que pareça tal teoria, na prática, o sonho de uma TV sem manipulação é quase que impossível de se realizar. Uma sociedade sem imprensa, por exemplo, é algo impensável.

Se não manipulada, a TV seria a porta voz do povo. Enquanto isso não acontece, o povo vai ficando, e cada dia mais, sem voz.

Mais do que globalizados, estamos, demasiadamente, "Globalizados".

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