segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dia 30

Fala camaradinhas! Todos firmes?
Hoje é dia 30/11, "segundona", e o ano já está quase acabando.
Eu estive planejando postar aqui um texto muito especial escrito por Caio Leonardo Bessa Rodrigues, então nessas últimas semanas entrei em contato com ele, através do meu quase útil Orkut, enfim, pedi ao Caio para publicar seu texto aqui no Blog.
O texto de que tanto gostei vai lhe fazer perguntas.

Aguardem.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Embalagem: o Brasil por dentro e por fora

(Tamy Fernandes)

Não é de se espantar que o presidente Lula venha, e cada vez mais, ganhando força político-diplomática pelos países que por muito tempo mantiveram suas portas fechadas para qualquer tentativa de diplomacia. Por ter caminhado das bases operárias até a presidência do Brasil, Lula tornou-se um ícone de superação e boa vontade entre os brasileiros.
Quase automaticamente, o carnaval, o carisma e o futebol são associados ao Brasil. Visto de fora, o "país da alegria" parece levar a vida no embalo de uma rede. E assim visto, o Brasil seria o país perfeito para as Olimpíadas de 2016.
O incentivo ao esporte é certamente necessário, contudo, fazer do Rio de Janeiro a sede olímpica, não significa que todas as crianças carentes, ou não, receberão suportes e infraestruturas esportivas em suas escolas e cidades. A ideia de que a economia gerada pós-olimpíadas favorecerá inteiramente o país é um tanto quanto utópica. Certamente os cofres brasileiros serão abastecidos e a economia crescerá, porém as feridas inflamadas que sempre existiram no âmbito interno do Brasil não serão estancadas.
A pobreza, a violência e a contrastante desigualdade social brasileira já tornaram-se paisagem natural e costumeira do país. O convívio diário com o crime já virou rotina.
Com tantos problemas sociais, econômicos e culturais a serem resolvidos internamente, a saída é investir no carisma brasileiro e garantir que " o Brasil é o país do futuro." Se tal futuro for o ano de 2016, temos pouquíssimo tempo para moldar esse Brasil do presente. Em cinco anos teremos de encontrar os curativos para as feridas que existem no sistema educacional brasileiro, no sistema de transporte público, no sistema de saúde e moradia, e tantos outros sistemas falhos do país.
O Brasil é como um livro pintado lindamente por mãos habilidosas, provido de uma capa dura e resistente, mas com um conteúdo por trás da capa inteiramente frágil e mal escrito.
Inegavelmente 2016 será um ano de muitos sorrisos e conquistas, contudo, um país não se faz só de sorrisos e infelizmente, 2016 não é daqui a quinhentos anos.


domingo, 22 de novembro de 2009

Papai-noel de fardo pesado

Todo fim de ano é a mesma coisa. Como são repetitivos os movimentos!
Antes de aflorar dezembro já piscam as luzes vermelhas, amarelas e verdes do natal. E as crianças, ah sim, as crianças choram quando um velho barrigudo vestido numa roupa vermelha, e suada, se aproxima com um saco cheio de doces melados. As mães não deveriam obrigar seus filhos a tirarem fotos com aquele homem grande e assustador. Aliás, as mães não deveriam mimar tanto suas crianças.

Quando a educação dos filhos baseia-se na lei do bom-comportamento, as coisas desandam. Os pais têm de gastar muito dinheiro no natal, e depois no aniversário, e depois no dia-das-crianças, e depois aqui e depois alí. E se não gastam, as crianças choram. As crianças choram quando são crianças. Quando adolescentes, elas (as crianças crescidas) usam e abusam do "eu odeio vocês!''.

E lá se vão os pais odiados gastar mais dinheiro com suas crianças rebeldes. Mais do que qualquer sentimento, eu sinto pena desses pais. Uma pena com uma pitadinha de desapontamento. Amar um filho é diferente de criá-los tão soberanos. Dar á eles todos os brinquedos da loja, ou um celular quando só têm oito anos de idade não traduz o amor.

Vejo hoje pais selados e encurralados. Vejo hoje filhos com as rédeas nas mãos. Os adolescentes estão mais complicados que manual em chinês. As crianças mais mandonas que patrão recém nomeado. Os pais desses bichos indomáveis precisam de colo e cafuné, e muitas pílulas para dormir.

Mas eu estava falando do natal. O natal. É nessa época que o capitalismo grita de felicidade. E por falar em grito, uma menina chamada Rayssa de apenas sete anos, no natal passado mandou-me uma carta pedindo uma cesta básica ou então um panetone de chocolate. Rayssa pediu uma cesta básica ou um panetone de chocolate.

Eu não sei se existe papai-noel onde Rayssa vive. Mas eu sei que ela não vai pedir um celular da última geração esse ano, e sei também que Rayssa não vai odiar seus pais quando estes lhe negaram uma ida á "balada".

Que vocês tenham um bom natal... e filhos iluminados.


T.F

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Alguns poucos

Desaparecer.
Desaparecer é tudo o que voa, escoa e some. Tudo que cai e não levanta. Que sobe e nunca mais desce. Desaparecer é o que todos fazem.
Diferentemente de tudo o que é descartável, os que dasaparecem se vão sem despedidas, e o que sobra são suas imagens há muito queridas e amadas. Quem desaparece, de certa forma, fica nos machucando dia após dia. Nunca vamos sentir um amor tão dolorido quanto o amor ao desaparecido.
Demore o tempo que for: todos desaparecem.
Desaparecer é uma tarefa para poucos, só os mais queridos desaparecem. Querer bem é complicado e tão raro que chega a ser desconhecido. Desconhecidos. Desconhecidos são admiráveis porque não os conhecemos. Mas estes também desaparecem.
Aquele "Carpe Diem" nunca funcionou comigo. Sempre sentia um frio na barriga quando pensava nos meus queridos futuros desaparecidos. De imadiato eu me lembrava daquela dor no peito, já antiga, que me tomou por inteira em 2005.
Mais difícil que desaparecer, é esquecer. É bom treinar ao longo da vida. É bom acostumar seu coração aos ocasionais desaparecimentos que virão. Vir e ir. Nunca gostei de dizer "tchau". Acho uma verdadeira interrupção de afeto. Meu carinho por alguns é tão grande que chego a transbordar em alegria quando os encontro no mesmo chão que eu piso.
Desaparecer.
Que verbo destruidor de sorrisos é esse?.

"Para o Mauro... que desapareceu."
T.F

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Demonologia

"Insônia não é definida pela quantidade de horas que uma pessoa dorme ou quanto tempo leva para cair no sono. Indivíduos geralmente variam em suas necessidades de sono. Insônia pode causar problemas durante o dia como cansaço, falta de energia, dificuldade de concentração e irritabilidade."
Estou acordada desde ás 4 da madrugada. Até agora, são aproximadamente 21 horas de pé.
Preciso escrever.
De madrugada, quando tudo é silêncio e paz, eu fui até a estante de livros, tirei de lá Demonologia, de Rick Moody. É um livro muito interessante - apesar de não muito conhecido. Nele Mooddy reuniu treze contos que trazem á tona os "demônios" de toda gente civilizada desse mundo. Ao mesmo tempo trágico e irônico, este livro questiona, de forma inteligente, a moral estabelecida, abrindo, ferindo e levantando questões que o senso comum prefere ignorar. É isso que estava escrito na sinopse.
Quando o comprei, eu estava caminhando pelo centro da cidade vestindo um agasalho preto e grosso. Eu não estava em um dos meus melhores dias.

Era um mercado sujo e tumultuado, era lá que estava o livro, no final de um corredor estreito e mal cheiroso. Cinco reais. Era só isso que eu tinha no bolso: uma nota de cinco reais.
Quando cheguei no final do corredor, uma moça de olhos verdes me encarou, - certamente ela estava com muito calor pois nunca estive em lugar mais quente que aquele final de corredor. Nem me dei ao luxo de olhar os livros que estavam em uma mesa, só perguntei á ela que livro eu poderia comprar com cinco reais. Com um certo espanto no olhar, a moça me trouxe um livro verde claro com um pacotinho de balas coloridas na capa. "Esse aqui." Rick Moody, eu lí. Já tinha visto aquele nome em algum lugar. Lembrei de Tempestade de Gelo, sim, ele escreveu a obra que virou filme. Tirei a nota do bolso e levei o livro. Ótimo, agora eu só precisava chegar em casa e tentar dormir um pouco.
Cheguei uma hora depois, entrei no meu quarto e joguei o livro na estante de madeira perto da minha cama. Deitei e dormi.
Mas voltando ao dia de hoje: há muito esquecido, o livro de Rick Moody foi resgatado por mim ontem de madrugada numa tentativa desesperadora de me concentrar em alguma coisa.
Fiquei um tempo olhando a capa. É uma capa tão vazia de sentimentos que chega a ser mágica.
Fui até a última página, 287, sim, 287 páginas. Um livro de contos, 13 contos em 287 páginas.
Começei. Era interessante. O primeiro conto fazia uma crítica á moral do casamento. O segundo á moral do lucro. O terceiro ao McDonald's? Enfim, são 13 contos. Treze tapinhas na cara.
Tapinhas na cara do senso comum. Tapinhas suaves, mas ainda sim são tapinhas.
Isso é tudo que estou com vontade de escrever. Quero tomar um banho e ir sentar na calçada até ás 2 da madrugada, voltar pro quarto, ouvir In my Dreams e continuar de pé até semana que vêm.

Tchau camaradinhas, durmam bem, muito bem.
T.F

terça-feira, 3 de novembro de 2009

De volta.

Depois de cinco dias de palavras ausentes, aqui vão elas novamente, enfim. Gostaria de escrever todos os dias. Mil palavras por dia. Um café e quinze minutos. Porém, e esse porém me entristece, arranhar as teclas desse meu teclado preto já não é mais meu prazer cotidiano, - não porque não quero, mas porque o tempo não me deixa sentar mais em minha cadeira giratória, e não me deixa perder a cabeça nas palavras. Por quê? Simples: ou sigo o relógio ou não sigo o mundo. E que mundo! Todo complicado e apressado. Ninguém senta, ninguém conversa, ninguém ouve uma música, ninguém fuma um cigarro.
Sem mais delongas. Eu só queria dizer que estou fazendo o possível para reviver meus momentos de paz-escrita e paz-pensada.
Tenham paciência humanos.

E por falar em paz: fiquem com ela!
T.F