quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A rua

(Tamy Fernandes)

Sou louca pelas pessoas loucas.
Loucas para viver, loucas para falar, loucas para sentir, loucas para olhar, loucas para amar.
Confio nas pessoas que ardem, ardem, ardem como fogos de artifício no céu vazio.
Gosto das pessoas viradas ao avesso. Amo suas almas e suas cabeças.
Sou amante das ruas. Do asfalto, do cimento, dos tijolos e dos operários suados e tristes.
Amo os olhos infantis e toda sua inocência. Gosto dos bagunçados, dos sem planos, dos sem relógio, dos sem teto, dos sem ódio, dos sem dinheiro, dos sem sistema, dos sem isso e dos sem aquilo.
Não tenho pressa. Não rastejo nem corro.
Sou amante das ruas e de seus habitantes andarilhos. Pés de vento.
Amo as palavras e seus falantes. As palavras corrosivas. Os livros. O cérebro em forma de letra.
Sou amante das ruas e dos pés que a pisam noite e dia. Dia e noite. De tarde, a rua arde.
Amo os pés.
Gosto de quem anda, de quem não senta, de quem não lamenta olhando o umbigo. Amo os sem regras. Os poetas, os artistas, os desgarrados.
Sou amante das ruas sujas e verdadeiras. Das calçadas estreitas. Das lombadas feita de gente.
Sou amante das ruas e por isso faço o contorno na avenida e amo todos os rostos e cheiros que sinto.

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