sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Empregadinho de poeta

Poetinha vagabundo.
Não tira os pés da sandália, não abotoa a camisa, não lava as calças.
Nem dorme, nem sonha, nem levanta e nem senta.
Poetinha vagabundo que não se aposenta.

Joga-se na cadeira ( é de madeira) e acende um cigarro.
Deixa a janela fechada que tem gente á espreita.
Aproveita e estica essas pernas cansadas
que eu mesmo pego tuas sandálias e guardo.

Põe o violão maltratado no colo e arranha essas cordas
com esses teus dedos manchados de tinta.
Deixa que as cinzas desse teu cigarro
eu mesmo varro.

Abotoa essa camisa que teu peito fica vermelho depois do meio dia.
Poetinha vagabundo que nem me dá ouvidos.
O violão cansado, caindo e chorando, e esse teu afago de poeta
preocupado.

Deixa derreter o gelo desse teu uísque, velho afobado!
E tira o violão de cima da mesa que o luger dele
é no seu colo!
Poetinha vagabundo. Seca o copo e enxuga os olhos.

Agora deita e dorme homem, que ninguém para
em pé com tanta coisa na cabeça. Descansa!
Amanhã você me fala Vinicius, mas agora me obedece
que você já não é mais criança.

(Tamy Fernandes)



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