segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Embalagem: o Brasil por dentro e por fora

(Tamy Fernandes)

Não é de se espantar que o presidente Lula venha, e cada vez mais, ganhando força político-diplomática pelos países que por muito tempo mantiveram suas portas fechadas para qualquer tentativa de diplomacia. Por ter caminhado das bases operárias até a presidência do Brasil, Lula tornou-se um ícone de superação e boa vontade entre os brasileiros.
Quase automaticamente, o carnaval, o carisma e o futebol são associados ao Brasil. Visto de fora, o "país da alegria" parece levar a vida no embalo de uma rede. E assim visto, o Brasil seria o país perfeito para as Olimpíadas de 2016.
O incentivo ao esporte é certamente necessário, contudo, fazer do Rio de Janeiro a sede olímpica, não significa que todas as crianças carentes, ou não, receberão suportes e infraestruturas esportivas em suas escolas e cidades. A ideia de que a economia gerada pós-olimpíadas favorecerá inteiramente o país é um tanto quanto utópica. Certamente os cofres brasileiros serão abastecidos e a economia crescerá, porém as feridas inflamadas que sempre existiram no âmbito interno do Brasil não serão estancadas.
A pobreza, a violência e a contrastante desigualdade social brasileira já tornaram-se paisagem natural e costumeira do país. O convívio diário com o crime já virou rotina.
Com tantos problemas sociais, econômicos e culturais a serem resolvidos internamente, a saída é investir no carisma brasileiro e garantir que " o Brasil é o país do futuro." Se tal futuro for o ano de 2016, temos pouquíssimo tempo para moldar esse Brasil do presente. Em cinco anos teremos de encontrar os curativos para as feridas que existem no sistema educacional brasileiro, no sistema de transporte público, no sistema de saúde e moradia, e tantos outros sistemas falhos do país.
O Brasil é como um livro pintado lindamente por mãos habilidosas, provido de uma capa dura e resistente, mas com um conteúdo por trás da capa inteiramente frágil e mal escrito.
Inegavelmente 2016 será um ano de muitos sorrisos e conquistas, contudo, um país não se faz só de sorrisos e infelizmente, 2016 não é daqui a quinhentos anos.


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